Obra do corredor Brooklin-São Mateus pode virar ação de dano moral

O promotor do Patrimônio Público e Social da capital, Saad Mazloum, vai entrar com uma ação na Justiça para cobrar do Estado uma indenização pelo atraso na conclusão da extensão do corredor de trólebus entre São Mateus, na zona leste, e o Brooklin, na zona sul, em obras há 23 anos. O trecho vai ligar o trajeto já existente, entre a zona leste e Diadema, passando por Santo André e São Bernardo do Campo, à zona sul da capital.

Mazloum afirma que pretende pedir uma indenização por danos morais, por causa do atraso das obras. “Se o governo do Estado não entregar o trecho até o dia 31 de julho, como o prometido, entrarei com uma ação por danos morais coletivos”, afirma. “Um novo atraso não será admitido. A EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos) me garantiu que está dentro do cronograma e vai terminar tudo no final de julho”, explica o promotor. O corredor, que deveria utilizar trólebus, terá apenas ônibus a diesel. A Promotoria realizou quatro diligências para acompanhar o andamento das obras. A última foi no dia 28 de maio. “Acompanhamos tudo de perto para ver se será possível terminar essas obras”, diz.

Inquérito. Já está em andamento inquérito civil para apurar responsabilidades sobre o atraso. Retomado em 2009, o contrato para a extensão de 12 quilômetros do corredor, entre Diadema e o Brooklin, na capital, é de R$ 22,9 milhões e foi assinado em 26 de novembro. Segundo informou a diretoria da EMTU ao Ministério Público, o corredor de ônibus estará pronto para uso em 31 de julho.





Serão 12 quilômetros de faixas exclusivas para ônibus que deverão beneficiar cerca de 15 mil pessoas por dia, uma alternativa de integração entre a região do ABC e as zonas sul e sudoeste da capital. Em São Paulo, o corredor vai passar pelas Avenidas Cupecê, Vereador João de Luca, Professor Vicente Rao e Roque Petroni Jr.. O objetivo é integrar o corredor em seu final com a estação Morumbi, da Linha 9-Esmeralda da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).

A maior parte do corredor já está totalmente pronto, com asfalto, sinalização horizontal e com alguns pontos de ônibus já colocados. O trecho mais atrasado está localizado na Avenida Roque Petroni Jr., quase no cruzamento com a Chucri Zaidan e próximo do Shopping Morumbi. Nesse local, ainda há máquinas escavando e muito barro. Da futura parada Morumbi, por enquanto só existe a placa.

Moradores. Como grande parte do asfalto está pronto e inclusive há faixas pintadas no solo, muitos moradores da zona sul acreditam que dessa vez a obra será realmente inaugurada. “Parece que agora vai”, diz a farmacêutica Eliane Aparecida Castellan, de 45 anos, que mora na altura do número 2.000 da Vicente Rao. Ela conta que mora no local desde 1981 e que poucos anos depois começou a ouvir comentários sobre o corredor. “Mas já vi tantas vezes eles quebrarem e refazerem essa obra que cheguei a acreditar que não sairia”, afirma.

Ela acredita, no entanto, que o corredor vai ser prejudicial para a região, pois deve atrair mais ônibus. “Vai se tornar uma nova Avenida Santo Amaro, onde o entorno é meio morto por causa do tráfego rápido”, diz.

O perito Márcio Makrakis, de 53 anos, também não acreditava mais que um corredor de ônibus poderia sair na região, já que escuta os comentários há quase três décadas. “O transporte coletivo não é o principal problema daqui. São as enchentes”, diz.

Fonte: O Estado de S. Paulo





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