Escondidas em ruas estreitas, pelo menos 22 favelas resistem em áreas nobres de São Paulo. A falta de projetos municipais de reurbanização para núcleos de bairro faz algumas ocupações já completarem mais de 60 anos. O número de imóveis passa de 1,6 mil, com a estimativa de que abriguem pelo menos 6 mil moradores que estão no fim da fila por uma habitação popular.
Levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo, com informações da Secretaria Municipal da Habitação, mostra que há ocupações em Vila Mariana, Campo Belo, Itaim Bibi, Aclimação, guia Brooklin e Vila Madalena, nas zonas sul e oeste. A maioria está distante de grandes avenidas e, por isso, chega a passar despercebida. No entanto, com exceção de Jan Breughel e Brooklin 2, todas as demais estão listadas no Plano Municipal de Habitação, com remoção prevista até 2024.
Na Favela Mauro, no Planalto Paulista, zona sul, a venda de drogas ocorre durante todo o dia e a lista de “clientes” inclui vizinhos da comunidade. Foi lá que, há nove anos, o estudante Gustavo Pereira, de 22 anos, comprou a cocaína que consumiu antes de matar a avó e a empregada da casa a facadas, no mesmo bairro.
A proximidade com a criminalidade, que muitos acreditam estar concentrada apenas nas grandes favelas, como Heliópolis e Paraisópolis, assusta vizinhos. Eles acionam a polícia para apartar brigas e reduzir os sons das festas, mas, por medo de represálias, não registram boletins de ocorrência.
Nas comunidades mais organizadas, que têm associações de moradores, os “inconvenientes” são evitados. diz Cícera Vieira, de 37 anos, presidente da Associação de Moradores da Favela Mário Cardim, na Vila Mariana. Cícera diz que não tem, porém, como evitar o consumo de drogas na comunidade, embora garanta que não existe tráfico no local.
– Aqui, nós temos até horários para festas. Elas só podem ocorrer entre 8 horas e 22 horas. E, de preferência, sem tocar funk, que ninguém gosta.
Fonte: R7